A caderneta de poupança perdeu cerca de R$ 87,8 bilhões no ano de 2023, informou o Banco Central do Brasil nesta segunda-feira. A retirada líquida (quando os saques são superiores aos depósitos) foi a segunda maior da séria histórica iniciada em 1995.
No ano de 2022 a retirada líquida foi de R$ 103,2 bilhões. É o terceiro ano consecutivo em que o brasileiro tirou mais dinheiro da poupança do que depositou. Em 2021, os saques foram maiores que os depósitos em R$ 35,4 bilhões.
* No ano passado, foram captados R$ 3,82 trilhões, mas houve saques no montante total de R$ 3,91 trilhões.
* Apenas os meses de dezembro e junho registraram mais depósitos do que retiradas.
A fuga de recursos da poupança acompanha os ciclos econômicos, como a redução do poder de compra com a inflação. Com menos recursos no bolso, há maior tendência para a retirada de dinheiro da tradicional poupança.
O alto endividamento das famílias e maior acesso a investimentos mais rentáveis, como os títulos do Tesouro Direto, são outros fatores que explicam essa saída recorde de recursos nos últimos dois anos.
O endividamento das famílias, até outubro do ano passado, estava em 47,6%, considerando apenas o levantamento do Banco Central com o setor financeiro. Já em novembro, dados do Serasa apontam para 71,81 milhões de brasileiros em situação de inadimplência.
— As pessoas vão tirando de sua poupança para fazer frente a sua série de despesas adicionais, com aumento do custo da dívida ou eventualmente menor renda na família. Outra parte dessa retirada é o investimento, que envolve conhecimento de outras opção para investir — avalia André Alírio, economista e analista da Nova Futura.
Como a taxa Selic está acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é 0,5% ao mês e mais a Taxa Referencial (TR), próximo de 0,0932% – fixada diariamente pelo BC.
Por regra, se a taxa Selic estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será de 70% da taxa Selic e mais a TR. Atualmente a Selic está em 11,75%.
Conforme indicadores do Banco Itaú, a poupança está com rendimento de 8,04% no intervalo de 12 meses até janeiro de 2024. Já o chamado Certificado de Depósito Interbancário (CDI), emitido pelos bancos, está com um retorno de 13,05% para os investidores, também no intervalo de 12 meses. Ou seja, a atratividade é maior para esse segundo tipo de aplicação.
— Muitos bancos querem levar para o investimento e o Tesouro Direto vem fazendo campanha para atrair investidores. Mas muita gente ainda prefere o investimento na poupança, por ser mais fácil — explica Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.
*Agencia Brasil
Fonte: Plantão de Notícias